quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Jantar - O ralo

Para finalizar o nosso jantar, na fase mais aborrecida, a de tratar a loiça, gentilmente lavada pela nossa convidada, o ralo, esse orifício escuro e profundo que serve para escoar a água e eliminar os resíduos, decidiu entupir. Felizmente, durante as limpezas, foi avistado um desentupidor de canos, que agora poderia ser a nossa salvação (ou então não...).
Sacámos do dito instrumento e, mãos à obra! A fé era muita, mas a borracha do desentupidor estava tão entesicada que, não se movia. Solução: Utilizar quatro mãos!
Depois de muito esforço e bastantes salpicos, a missão foi cumprida (e comprida, também...), pelo menos até à próxima...

Jantar - Térmitas

Nada como um belo jantar de amigas para desanuviar e fazer as pazes com a nossa casa (ou será que não?)
Jantar vegetariano, saladas coloridas, muitas batatas fritas, paté e bastante loiça para lavar (sem água quente, para variar).
Para nosso grande espanto, porque o dia até estava a correr bem, tinha de surgir um novo percalço.

Ainda durante a preparação do nosso repasto, enquanto estavamos ao fogão, um ligeiro desequilíbrio fez com que a Maria Madalena se tivesse de apoiar, de um modo mais brusco, na primeira superfície que se lhe deparou - os azulejos. Um som opaco ecoou por de dentro das entranhas da parede, qual rugido provindo das profundezas do centro da terra.
Um exame mais pormenorizado revelou ao nosso sensível ouvido que a extensidade da opacidade era maior do que à partida julgávamos. Do que derivaria tal manifestação? Pois... Certezas não as temos, mas as nossas suspeitas apontam para mais um dos sintomas das nossas queridas co-habitantes - as queridas térmitas.
Mas que reflexo haveria a Maria Madalena de ter, não teria sido preferível simplesmente cair?...

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

OVNI

Plena noite de dia 27, um dia que, para nosso espanto correra sem sobressaltos na morada.
Pairava uma enorme calma no quarto e, em associação ao cansaço, antecipava uma bela noite de repouso (ou será que não?...)
Angélica, mal se colocou na posição horizontal, como que por magia adormeceu, mas a consciência de Maria Madalena mostrava-se algo relutante em apagar. Subitamente, como que uma brisa se levantou e destraiu Maria Madalena dos seus devaneios. Ruídos provenientes da varanda do quarto deixaram Maria Madalena sobressaltada e o seu organismo preparou-se para tomar uma reacção: acordar Angélica.
Quase em surdina, repetiu "Angélica, Angélica..." sussurando, com o intento de fazer o mínimo barulho possível (não fosse estar algum intruso do lado de fora que se sentisse descoberto).
Angélica, ainda mal disperta do seu primeiro sono, ficou assustada. O ruído continuava e Maria Madalena aproximou-se, para analisar melhor o som precepcionado.
O som, inicialmente associado à presença de uma pessoa, era sem dúvida produzido por algum organismo vivo, mas a primeira hipótese fora descartada (os ramos da árvore que poderiam servir de passagem até à varanda mal sustinham um pardal, de tão finos que eram; como seria possível ter um intruso humano que não tivesse entrado pela porta principal?...).
A luz foi finalmente acesa, tentando desvendar o mistério de tal presença. E, qual não é nosso espanto quando uma enorme borboleta (traça?...) abre as suas grandes asas e esvoaça por detrás da cortina.
"Ai!"- excalmou Angélica.
"Raid!"- gritou Maria Madalena.
E, no instante seguinte, a pobre criatura passara à história...

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Calafetagem

Numa bela tarde de Outuno, mas que mais parecia uma linda tarde de Primavera, Angélica que havia saído mais cedo da faculdade decidiu aproveitar a tarde para organizar os seus apontamentos académicos. Como o dia estava bonito lá fora e o canto dos pássaros enaltecia ainda mais o mesmo, Angélica decidiu puxar as cortinas e abrir a porta da varanda da sala. A luz entrou pela sala, o ar purificou-a e o ambiente era de um êxtase há muito não sentido por estas bandas... nada fazia antever o que viria a acontecer!

Maria Madalena, que regressava de mais um árduo dia de trabalho, cansada e já sem forças, ligou a Angélica a anunicar a sua chegada ao lar doce lar (ou então não!). Angélica, a fim de evitar mais danos nas  estruturas e equipamentos decide fechar a dita porta da varanda. Mas, nem tudo corre pelo melhor!!

Angélica depara-se com mais uma tarefa quase impossível, conseguir fechar  a porta! É então que chega Maria Madalena, que estranha a aflição e as gargalhadas de Angélica. Após Angélica lhe explicar a situação, Maria Madalena mais uma vez desdramatiza a situação.

Mas como não há 2 sem 3, mais uma vez Maria Madalena enganou-se no que diz respeito ao grau de dificuldade que a tarefa envolvia...

Maria Madalena recorreu à sua réstia de forças para executar a tarefa de fechar a porta, mas esta parecia não sofrer influência das forças e insistia em permanecer aberta, sem se mover nem 1 cm.

Perante o insucesso na tarefa, as duas raparigas tiveram de passar para um plano mais drástico. Foi então que tiveram a brilhante ideia de efectuar um processo de fusão de forças e, enquanto uma empurrava a porta pelo lado de fora da varanda, a outra puxava a mesma dentro de casa. Até aqui o nosso plano parece exequível e de extrema facilidade... mas como colocar um elemento do lado de fora, fechar a porta e retirar esse mesmo elemento do exterior? Este foi o nosso grande dilema...

Mas à semelhança do que se passa na vida quando se fecha uma porta abre-se sempre uma janela! No caso foi preciso um pouco mais, mas nada que uma bela cadeira de verga ( velha e já zambareta) não resolvesse. Cadeira aqui, cadeira ali e eis que o acesso entre a sala de estar e a varanda ficou facilitado. Maria Madalena pulou para o lado de fora, dando o máximo das suas forças para que esta função fosse bem sucedida, enquanto Angélica já lhe passava a cadeira para o lado de fora de modo a que ela pode regressar para o seu acolhedor lar.

Peripécias à parte, a porta ficou fechada ( ou quase!), ninguém ficou do lado de fora... mas como não há bela sem senão, desde esse dia a nossa casa beneficia de ventilação natural, todo o dia..e a toda a hora!

domingo, 26 de setembro de 2010

Térmitas - Parte III

Chegou o dia de reabrir o armário e observar quais os estragos provocados no campo inimigo.
Infelizmente não houve qualquer idício das baixas causadas (se é que as houve...), tudo se resumiu a um aglomerado nojento de açúcar e "nhanha" castanha...

Como eliminar tudo isto?! Sem dúvida que foi preciso muita coragem por parte da Maria Madalena. Angélica nem se aproximou da cozinha! Mas teve uma tarefa também agradável, que foi lavar todos os utensílios de cozinha que estavam guardados no dito armário. A parte mais custosa foi que teve de os lavar de joelhos na banheira!
As belas técnicas que uma pessoa desenvolve em situações críticas... (ou então não...)

Após muitos sacos com restos alimentares (da Tia e da prima) e sacos com detritos dos bichos, este foi o melhor aspecto conseguido. Sabemos que não é dos melhores, daí apercebermo-nos que a situação era mais grave do que uns simples gorgulho do arroz.

Para nos remediarmos, decidimos cobrir o papel de parede do armário (essas florzinhas que ainda são visíveis na foto) com folhas de papel brancas, para ser mais fácil detectar anomalias, e esperar para ver o que nos reservava o destino.

sábado, 25 de setembro de 2010

Tudo à medida!

E porque não podiam ser tudo perplexidades negativas, aqui vai uma publicação sobre uma das vantagens desta casa!

Aquando da re-disposição do quarto, já nos tinhamos apercebido que, como que por magia, tudo se encaixara na perfeição.

Foram as camas que couberam no nicho da parede:

Foram os móveis que couberam mesmo por um triz nos locais que queriamos (tivemos sorte porque as gavetas, se fosse preciso mais um milímetro, ja não abririam...):




E agora, uma vez que o móvel e a dispensa se mostraram totalmente desadequados para guardar os nossos mantimentos, eis a nossa mini dispensa, que também não se sabe como, coube na perfeição ao lado do fogão...


Vamos ver se a tendência positiva pega e se espalha por mais publicações! (ou então não...) =)

O Baú

Bagagens para desemalar, um quarto espaçoso.
Um enorme roupeiro que só pelas portas é um luxo! (ou será que não?...)
Dois espelhos com mais de 2m de altura.
Pois, como é do senso comum: não há bela sem senão... Quando o abrimos eis que um grande baú ocupa a maioria do espaço.
Já tinhamos sido prevenidas da existência deste espécime raro, mas não era de todo como o tinhamos imaginado.
Maria Madalena logo recordou malões semelhantes que os seus bisavós tinham...
Angélica repetia "Bem... isto dava para ter um morto aqui dentro!"
Mas nenhuma conseguiu pensar em algum proveito para a relíquia.
Como se não bastasse, no interior (forrado a papel!) já havia alguma deteriorização e isto foi o que as levou a tomar uma decisão drástica: tirá-lo do quarto o mais rápido possível! (não fosse ele ter traças ou bichos-da-prata escondidos algures)
A muito custo, aproveitando cada milímetro da casa, conseguiram exilá-lo na dispensa, o lugar das coisas com as quais não queremos conviver diariamente.
Não podia ter sido mais à medida. Mas a nossa proeza foi digna de relevo, a própria Tia, quando foi informada do sucedido, não teve reservas em dizer que se tratou de algo digno dos registos do Guiness.
E assim lá ficou, recheado de outras relíquias de estimada utilidade...

Térmitas - Parte II

O Raid chegou!
Segunda incursão pelos meandros do nosso armário de cozinha.
Nuvens de insecticida foram disseminadas por todas as portas e prateleiras e o armário voltou a ser encerrado por tempo indeterminado, até a operação surtir algum efeito.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Térmitas - Parte I

Finalmente a última divisão da casa a ser limpa!
Maria Madalena foi incumbida de limpar o armário da cozinha, uma vez que tinha sido detectada a presença de organismos hostis, nomeadamente aranhas. Ora, Angélica sofre de uma fobia aguda de aranhas, pelo que nem houve hipótese de fazer um sorteio.
"Não há de acabar o mundo, o que são umas aranhinhas?" - pensou Maria Madalena de si, para si.
A tarefa até parecia fácil, tomadas algumas precauções (ou será que não?...).
A primeira porta foi aberta e avistaram-se as primeiras teias de aranha, que se acumulavam numa complexa rede que envolvia todos os alimentos esquecidos, pelo menos desde 2002, no armário.
"Nada que umas luvas e um saco de plástico não resolvam!" - pensou decidida Maria Madalena. E logo decidiu começar por aquilo que lhe pareceu mais inócuo - os filtros de papel.

Assim que os retirou, eram centenas (para não dizer mais...) de mini-organismos de cor creme, amarelada que fugiam, quais relâmpagos! O armário foi fechado e aguardou-se a chegada do Raid (o anti-sida, como alguém disse...), para se poder continuar com os trabalhos.


Limpezas

"Lava, lava, lava, esfrega, esfrega, esfrega..."

E lá iniciámos nós os nossos trabalhos.
Para começar, decidimos retirar todos os tapetes e passadeiras, pois só serviam de patins (ou de derrapeiras, como alguém inspirado disse =P). Além disso, são ideais para amparar ácaros e micro-organismos afins, bem como deflagrar crises alérgicas.

É curioso a Tia ter-nos alertado para os cuidados a ter com a casa, dizendo:
"-Meninas, apesar da casa ter uma certa idade, quero que a estimem e que, por favor, tenham o cuidado de a MANTER limpa."
Infelizmente não seremos capazes de MANTER a casa limpa, como a Tia queria. O nosso conceito de limpeza parece ser... ora, digamos... incompatível?... mais exigente?... Diferente, sem dúvida!!!  Uma vez que a palavra MANTER implica um estado (passado/presente) que se conserva no tempo (presente/futuro) com as mesmas características, MANTER é tudo o que menos queremos!
Assim, parece-nos que teria sido mais correcto, por parte da Tia, ter dito:
"-Meninas, como a casa já tem uma certa idade (e eu não me quis dar ao trabalho...), quero que a estimem e, já agora, tratem vocês da limpeza."

No quarto a limpeza nesta fase resumiu-se ao pó acumulado, que chegou a formar uma espécie de botinhas de lã nos nossos pés. Quanto à dispensa, o caso foi mais grave (ou agudo...). Não havia solução possível! Eram jornais antigos, amarelados pelo tempo, pilhas e pilhas de revistas e toda a espécie de coisas que não têm utilidade, mas das quais as pessoas, pelos mais variados motivos, não conseguem desfazer-se.
Assim a melhor solução foi fechar a porta e não voltar a abrir (ou será que não?...)

O regresso

Mês de Setembro, início das actividades lectivas e o reencontro com a nossa casa dos sonhos (ou será que não?)
Algumas modificações tinham sido feitas pela entidade superior a que chamaremos "Tia", no nosso quarto. Eram mudanças positivas que logo nos inspiraram para fazer algumas alterações na disposição do mobiliário.
Transbordavamos energia! Mas, à medida que iamos aprofundando o nosso grau de conhecimento, o alento foi desaparecendo e a energia dissipando...
Afinal era preciso mais do que uma mãozinha (ou até quatro!), bracinhos, pezinhos...
Como se costuma dizer, "debaixo de cada pedra está um lagarto"e, ao que parece, esta casa estava infestada...

Amor à primeira vista

Numa manhã de Julho, iniciamos o nosso romance com um belo apartamento.
Superadas as escadas e tiradas as trancas (que bem difíceis se mostraram!), eis que nos deparámos com um acolhedor apartamento. Foi amor à primeira vista! O espaço ideal, embora a decoração pedisse uma mãozinha, e claro que era a nossa (ou antes as nossas).
Foram escassos os momentos dispendidos nesta nossa primeira abordagem, mas adivinhavamos um futuro promissor (ou será que não?...)
Colocadas de novo as trancas e descidas as escadas, muitos foram os sonhos que pairaram e era de felicidade a imagem espelhada no nosso semblante.
"-Até breve!" - Pensámos nós.
E não é que foi mesmo?!